Dando continuidade às atividades que envolvem processo de criação em videodança, Carmen Jorge* faz uma breve entrevista via email, com o artista Marlon de Toledo sobre o processo de criação e os primeiros resultados configurados nas videodanças “Lapse” e “Pinko5” apresentados na mostra PIP POP* no dia 29/04/09:
CJ: Marlon, por que você e os respectivos criadores escolheram o formato de “Clip”, ou seja, imagens seguindo os ritmos da música, para o formato dos videodanças “Lapse” e “Pinko5”?
Talvez porque o formato clipe não tenha sido uma escolha, tenha sido uma condição para a realização dos trabalhos, num bom sentido. Partimos de uma oficina cujo nome era "miniclipes de dança", no nome já tem a palavra clipe, pra começar, na oficina, o exercício era esse mesmo, colocar a imagem na música, no tempo. Ouvi muito a expressão "edição clipada", que é a edição, o corte, no tempo da música. Esse recurso, ainda que muito utilizado, me interessou na pesquisa, e como processo pude aplicá-lo nos dois clipes, com algumas diferenças. Por exemplo: em "Lapse" vemos isso o tempo todo, foi um dos principais recursos e uma das principais escolhas/condição para realização, já em "Pinko5" vemos a edição clipada apenas nos primeiros 3 capítulos, enquanto nos dois restantes a música colabora muito mais para a criação dos ambientes do que para a edição. É interessante observar que nos dois clipes (Lapse e Pinko5) o som só veio depois da edição. Nas fases de pré-produção e produção não havia som nenhum, nem música, haviam idéias do que poderia ser o som ou a música de cada vídeo. Isso difere muito da idéia de clipe, dos clipes da MTV, por exemplo, onde a música é a geradora das imagens, primeiro existe a música depois as imagens e depois as duas coisas sincronizadas. No nosso processo a música só apareceu na pós-produção, depois de um primeiro corte de cada vídeo. Depois desse primeiro corte e das composições do Vadeco prontas é que foram se delineando as edições finais de cada vídeo, e se tornando os clipes de dança.
CJ: Você reconhece o editor como coreógrafo num trabalho de videodança? Em que sentido?
É um pouco difícil dizer isso, porque o editor tem a incumbência de montar as sequências de imagens.De alguma forma pode-se afirmar que o editor exerce uma tarefa no vídeo análoga ao do coreógrafo na cena. Porém é preciso muito cuidado para não haver uma generalização. A função do editor numa obra cinematográfica é montar a sequência de imagens conforme estava prevista no roteiro e gravada na fase de produção, é um trabalho sobretudo técnico, mas conta com o feeling do editor, no fim das contas é o editor que decide exatamente onde começa e onde termina cada plano, qual take ficou melhor, etc, mas estas informações já vem descritas na decupagem, e cabe ao editor optar pelas escolhas do diretor do filme. Obviamente o editor sempre pode modificar alguma coisa, mas sempre com o aval da equipe, não são raros os casos dos roteiros que são modificados na ilha de edição, porque neste momento é que há a materialização do que estava previsto no roteiro e nem sempre funciona, muitas vezes é preciso trocar de lugar, suprimir, reorganizar, para surtir o efeito desejado pelo diretor, e o editor/montador é quem instrumentaliza isso.
No caso do processo videográfico isso não é muito diferente, mas como é um processo muito mais aberto e livre para a experimentação, existem vários aspectos que podem ser experimentados, de vários recursos podemos dispor, mas eu prefiro acreditar no roteiro antes de tudo. Neste caso da videodança eu acredito muito que o roteiro é a coreografia escrita e é a partir disso que o editor trabalha, e também do esforço e vontade da equipe toda.
Eu acredito que podemos afirmar que a edição cria a coreografia, que os cortes o encadeamento podem criar e recriar a dança o movimento, mas isso num contexto bem maior onde as outra variáveis estão incluídas, como a música, a locação, a dramaturgia, etc.
CJ: Como foi a oficina “Miniclipes de Dança” ministrada pelo videodesigner Marcus Moraes? Como ela influenciou nesses resultados?
A oficina foi uma forma de nos inserir no assunto, dar um pontapé inicial, sabe. A oficina nos mostrou que era possível fazer. O Marcus mostrou-nos um método que nos orientou para o fazer, não podíamos ficar de braços cruzados, o conhecimento se dá pela experiência. Não considero que tenhamos atingidos resultados, de uma forma conclusiva, acredito que estes três vídeos façam parte de um processo de pesquisa, uma experiência a partir do caminho que o Marcus nos mostrou, dai para frente podemos experimentar muito mais.
*Primeiro Corte: podemos dizer que é uma pré-edição do filme, que
seria simplesmente a montagem do filme tal qual está no roteiro. Após
o primeiro corte a equipe assiste o filme e decide quais cenas serão
cortadas ou se deve modificar a ordem de alguma cena para o filme
ter o efeito desejado.
*O termo decupagem tem vários significados que estão em camadas
diferentes, tecnicamente é o planejamento da filmagem, a divisão de
uma cena em planos e a previsão de como estes planos vão se ligar uns
aos outros através de cortes.
*A toda tentativa de se gravar um mesmo plano damos o nome de take.
*Carmen Jorge: Coreógrafa idealizadora do projeto Tecnolaboraterritório.
*PIP POP: Mostra de processo de criação em Videodança.
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segunda-feira, 18 de maio de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
SOBRE A TÉCNICA NO VIDEODANÇA
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por Vivian Mortean e Marlon de Toledo
A video art assim como a videodança não seguem necessariamente uma continuidade narrativa lógica e linear. Elas se desenvolvem em direção ao discurso metalingüístico do vídeo e à mistura de tipos de arte. Tendo a câmera como ponto de intersecção e aparato mediador da imagem apresentamos aqui assuntos técnicos a respeito das possibilidades de câmera, utilizados como ferramentas no momento da elaboração e realização de um discurso artístico de vídeo.
PLANOS
Um filme é dividido em seqüências, cenas e planos. O plano corresponde a cada tomada de cena, ou seja, à extensão de filme compreendida entre dois cortes. Significa dizer que o plano é um segmento contínuo da imagem estabelecendo uma relação direta com o objeto filmado.
- plano geral: apresenta todo o contexto onde será desenvolvida a ação. Ex: um restaurante
- plano conjunto: apresenta um elemento que compõe o espaço da cena. Ex: a mesa do restaurante.
- plano americano: em relação ao copo humano a imagem se faz da altura dos joelhos para cima
- plano médio: em relação ao corpo humano a imagem se faz da altura da cintura para cima
- primeiro plano ou close: imagem com o rosto de uma pessoa.
- plano detalhe: mostra com muita proximidade detalhes do objeto ou pessoa. Ex: o pé da mesa do restaurante; a orelha de uma pessoa
- primeiríssimo plano: a câmera se faz tão perto do objeto que a imagem vista é praticamente abstrata
- plongé: a câmera está posicionada em uma diagonal baixo-cima
- contra plongé: a câmera está posicionada em uma diagonal cima-baixo
- over the shoulder: a câmera está posiciona por cima do ombro de uma pessoa
MOVIMENTOS DE CÂMERA
As primeira tentativas de se registrar imagens em movimento eram reproduções curtas que se desenvolviam em áreas de um metro quadrado com a câmera sempre em posição fixa. Considera-se que o primeiro filme voltado para captação de movimento o qual se utilizou do movimento de câmera foi em Intolerance (1916), de D.W. Griffth, com a participação da bailarina Ruth St. Dennis*. O movimento de câmera trouxe para a imagem não só a possibilidade de realizar planos contínuos mas também de acompanhar desenvolvimento de uma ação sem a necessidade de cortes.
- panorâmica (pan): movimento de câmera sobre um eixo horizontal
- tilt: movimento de câmera sobre um eixo vertical
- travelling: passeio da câmera pelo espaço
- chicote: movimento brusco da câmera formando uma imagem abstrata; é também utilizado como forma de edição entre planos distintos
- birds eye: passeio de câmera com um olhar superior
NOMENCLATURA TÉCNICA
- dolly: carrinho sobre trilhos muito utilizado na realização de travellings
- câmera na mão: contato direto com a câmera revela na imagem a presença do vídeo maker
- tripé: equipamento para estabilizar a câmera e realizar panorâmicas e tilts com maior precisão
- grua: guindaste utilizado para realizar grandes passeios com a câmera em altura superior ao tripé
- steady cam: equipamento onde a câmera é presa ao corpo do cinegrafista através de amortecedores e cintas elásticas, dando liberdade para a movimentação do cinegrafista sem solavancos nas imagens.
*Dança em Foco, v2. : videodança / curadores Paulo Caldas e Leonel Brum. Rio de Janeiro: Oi Futuro, 2007
*Marcus Moraes, Oficina Miniclipes de Dança. PIP – Pesquisa em Dança: Curitiba, 07 a 12 de dezembro, 2008.
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por Vivian Mortean e Marlon de Toledo
A video art assim como a videodança não seguem necessariamente uma continuidade narrativa lógica e linear. Elas se desenvolvem em direção ao discurso metalingüístico do vídeo e à mistura de tipos de arte. Tendo a câmera como ponto de intersecção e aparato mediador da imagem apresentamos aqui assuntos técnicos a respeito das possibilidades de câmera, utilizados como ferramentas no momento da elaboração e realização de um discurso artístico de vídeo.
PLANOS
Um filme é dividido em seqüências, cenas e planos. O plano corresponde a cada tomada de cena, ou seja, à extensão de filme compreendida entre dois cortes. Significa dizer que o plano é um segmento contínuo da imagem estabelecendo uma relação direta com o objeto filmado.
- plano geral: apresenta todo o contexto onde será desenvolvida a ação. Ex: um restaurante
- plano conjunto: apresenta um elemento que compõe o espaço da cena. Ex: a mesa do restaurante.
- plano americano: em relação ao copo humano a imagem se faz da altura dos joelhos para cima
- plano médio: em relação ao corpo humano a imagem se faz da altura da cintura para cima
- primeiro plano ou close: imagem com o rosto de uma pessoa.
- plano detalhe: mostra com muita proximidade detalhes do objeto ou pessoa. Ex: o pé da mesa do restaurante; a orelha de uma pessoa
- primeiríssimo plano: a câmera se faz tão perto do objeto que a imagem vista é praticamente abstrata
- plongé: a câmera está posicionada em uma diagonal baixo-cima
- contra plongé: a câmera está posicionada em uma diagonal cima-baixo
- over the shoulder: a câmera está posiciona por cima do ombro de uma pessoa
MOVIMENTOS DE CÂMERA
As primeira tentativas de se registrar imagens em movimento eram reproduções curtas que se desenvolviam em áreas de um metro quadrado com a câmera sempre em posição fixa. Considera-se que o primeiro filme voltado para captação de movimento o qual se utilizou do movimento de câmera foi em Intolerance (1916), de D.W. Griffth, com a participação da bailarina Ruth St. Dennis*. O movimento de câmera trouxe para a imagem não só a possibilidade de realizar planos contínuos mas também de acompanhar desenvolvimento de uma ação sem a necessidade de cortes.
- panorâmica (pan): movimento de câmera sobre um eixo horizontal
- tilt: movimento de câmera sobre um eixo vertical
- travelling: passeio da câmera pelo espaço
- chicote: movimento brusco da câmera formando uma imagem abstrata; é também utilizado como forma de edição entre planos distintos
- birds eye: passeio de câmera com um olhar superior
NOMENCLATURA TÉCNICA
- dolly: carrinho sobre trilhos muito utilizado na realização de travellings
- câmera na mão: contato direto com a câmera revela na imagem a presença do vídeo maker
- tripé: equipamento para estabilizar a câmera e realizar panorâmicas e tilts com maior precisão
- grua: guindaste utilizado para realizar grandes passeios com a câmera em altura superior ao tripé
- steady cam: equipamento onde a câmera é presa ao corpo do cinegrafista através de amortecedores e cintas elásticas, dando liberdade para a movimentação do cinegrafista sem solavancos nas imagens.
*Dança em Foco, v2. : videodança / curadores Paulo Caldas e Leonel Brum. Rio de Janeiro: Oi Futuro, 2007
*Marcus Moraes, Oficina Miniclipes de Dança. PIP – Pesquisa em Dança: Curitiba, 07 a 12 de dezembro, 2008.
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